quarta-feira, 7 de março de 2012

Matusalém realmente viveu 900 ...anos?

 

 
No passado , os seres humanos viviam ate 900 e poucos anos, verdadeiro ou falso?

Com certa freqüência a Bíblia é afrontada porque certas passagens se referem a temas que parecem inverossímeis ou que não se ajustam ao conhecimento científico vigente, embora muitas vezes não se faz o esforço por relacionar certos achados da ciência com relatos bíblicos que foram estigmatizados em outro tempo, e portanto, ficaram marcados com uma etiqueta de absurdos. Em Gênesis assinala que antes do dilúvio, as idades com que podiam chegar as pessoas eram várias vezes maiores das que podemos alcançar na atualidade. Ali se registra que Adão morreu aos 930 anos (Gênesis 5:5), que Sete viveu até os 912 anos (5:8) e Matusalém (o mais idoso dessa época) alcançou até os 969 anos de idade (Gênesis 5:27).
É certo que a primeira vista, e com nossa experiência do ciclo de vida atual, fica difícil de aceitar estas enormes idades para o ser humano: é como viver em média 8 vidas em relação ao que vivemos hoje. Tem sido escrito bastante a respeito, entretanto todos os esforços que se tem feito para explicar esta grande longevidade de maneira distinta a forma literal em que se assinala na Bíblia, fracassaram. Têm-se dito, por exemplo, que um ano equivaleria a um mês ou a três meses (Siculus 1985), porque teriam usado o ciclo lunar para estabelecer as idades. Este argumento é desmontado por várias razões, mas só duas delas bastam para descartá-lo. Em primeiro lugar, ao rebaixar a idade deste modo, várias pessoas dessa época terminam sendo pais com idades infantis; por exemplo se dividirmos por 12 (1 ano = 1mês), Enoque, teria gerado a Matusalém entre os 5 e 6 anos de idade (Gênesis 5:21), Sete, teria sido pai de Enos com cerca de 9 anos de idade (Gênesis 5:6). Em segundo lugar, o termo «ano» nunca é usado em função do ciclo lunar no Antigo Testamento.
Outro argumento contra uma interpretação literal dos anos em Gênesis 5, foi que o registro bíblico não representaria idades pessoais, mas sim dinastias ou linhas familiares (Borland 1990). Mas esta teoria é derrubada quando descobrimos relatos bíblicos de encontros e relatos pessoais entre pais e filhos como é o caso de Gênesis 5:32; «e sendo Noé da idade de 500 anos, gerou a Sem, a Cão, e a Jafé», e posteriormente aparecem coexistindo dentro do arca em Gênesis 7:13; «neste mesmo dia entraram Noé, e Sem, Cão e Jafé, filhos de Noé.....». Tampouco concorda esta postura com outras passagens tais como Hebreus 11:5,7, aonde se faz referência às pessoas (Enoque e Noé neste caso) e não a seus clãs ou famílias.
Têm-se dito também que a visão de tempo hebréia no período que foram gerados os fatos assinalados em Gênesis (mais de 2000 anos A.C.), apoiava-se no sistema de numeração sexagesimal sumério ou babilônico (de onde provêm as unidades do tempo, por exemplo), e não no sistema com base decimal, que teriam adotado depois, quando Abraão, logo depois de abandonar a Mesopotâmia, habitou na Palestina, onde ele e seus descendentes entraram em contato com os egípcios, que usava o sistema decimal (Hill 2003).
Outras críticas apontam geralmente porque não existem evidências científicas para corroborá-lo. Entretanto, a enorme quantidade de estudos realizados sobre genética e reprodução celular, alguns dos quais foram citados a propósito neste artigo, contribuem com evidências mais que suficientes para reafirmar a veracidade literal do relato bíblico. Por exemplo, o rol que cumprem os telômeros na divisão celular, o qual está estreitamente ligado com a longevidade do ser humano, e corroborado pelas células embrionárias e cancerosas que se dividem quase sem limitações. Esta capacidade enorme de reprodução celular bem pôde ter ocorrido não só a algumas, mas também às demais células do organismo no início.
Conclusão:

Genoma= (conjunto de DNA que guarda a informação para «construir» o organismo inteiro).
Interessantes trabalhos realizados na Universidade de Glasgow, no Reino, têm descoberto uma relação significativa entre a longevidade de um organismo e o tamanho do genoma encontraram que as aves com genomas mais longos vivem mais tempo que aquelas aves em que seu genoma é mais curto
Que relação tem isto com o nosso genoma? Tem uma importante relação à luz dos resultados de um enorme e extenso estudo conhecido como «Projeto Genoma Humano». Este estudo mostrou que os humanos têm um genoma muito extenso, entretanto o DNA ativo ou útil de nossas células é só de 3% (Glad 2006). Quer dizer, existem uns 97 % de nosso DNA que esta inativo ou que não codifica (falando em linguagem genética), o qual engloba diversos tipos de seqüências, tanto únicas como repetidas.
Tem sentido biológico que a maior parte de nosso DNA seja desperdício? Talvez terei que formular a pergunta de outra forma. Este enorme DNA que está hoje inativo em nossas células, pôde alguma vez ser funcional, em certa etapa da história humana em que as células pudessem tê-lo ocupado, por exemplo para codificar proteínas e prolongar a vida do homem por muito mais tempo do que vive agora? Alguns biólogos evolutivos poderão expor diversas hipóteses a respeito, mas creio que também é perfeitamente válido expor a hipótese que essa grande quantidade de DNA pôde utilizar-se em uma percentagem muito maior alguma vez na história biológica humana, para possibilitar uma longevidade várias vezes superior a atual; atendo-se estritamente à evidência científica.
Se os biólogos moleculares dentro em pouco poderão regular a longevidade humana através do controle da reprodução celular, terá podido o Autor da vida na terra, condicionar uma longa vida no início a suas criaturas e em seguida deixá-la limitada por meio destes fatores que vimos? (telômeros e longitude do genoma),
Porque estas não responderam a seu plano originário de habitar com o homem em uma longa comunhão. O Senhor nos recorda em Isaías qual é o propósito pelo qual Ele criou aos que deviam ser seu povo, «....Para minha glória os criei, formei-os e os fiz» (43:7). Contrariamente, suas criaturas só desejavam separar-se de seu Criador e praticar o mal, por isso Deus antes do dilúvio mostra seu desencanto por elas, e pensou eliminar da terra o gênero humano (Gênesis 6:7), mas Noé acha graça diante dos olhos do Senhor, que decide dar ao homem uma nova oportunidade (Gênesis 6:8).
O Senhor deu mostras, na Bíblia, de regular a quantidade de anos de seus filhos em função de se estes são ou não obedientes a seus mandatos. Uma importante proposição de prolongação da vida humana na terra, está estabelecida como mandamento do início da relação entre Deus e aquele que será seu povo. Trata-se de uma poderosa promessa nos momentos em que se estabelece o pacto de Deus com o povo hebreu, logo depois de sua libertação do Egito. Lemos em Êxodo 20: 12: «Honra a seu pai e a sua mãe para que seus dias se prolonguem na terra que o Senhor, seu Deus, te deu». Com isto o Senhor nos assinala de forma categórica, que a longitude da vida humana está sob seu controle, acima de fatores tais como a genética ou outros, que ficam relegados a segundo plano.
O Senhor anuncia em Gênesis 6:3, 5 que o ser humano continuamente mostrava inclinação para o mal, por conseguinte perdia sentido que vivesse tanto tempo, e por isto modifica o seu plano original, diminuindo a idade do homem até no máximo de 120 anos. Além das prováveis modificações biológicas a nível celular e molecular (DNA) que teriam encurtado a vida, algumas mudanças ambientais importantes ocorridas depois do dilúvio puderam ter afetado também a longevidade humana. As condições atmosféricas pré-diluvianas teriam sido muito diferentes das atuais, devido a atmosfera ter uma grande quantidade incorporada de água, certamente em forma de vapor (Gên. 1:6-8), a qual atuava como um filtro natural ante certas radiações cósmicas e solares daninhas que limitam fortemente a vida. Esta capa de água atmosférica teria precipitado durante o dilúvio (Gên. 7:11-12), deixando os organismos vivos sobre a superfície terrestre mais expostos a mutações e ao dano celular por radiação.
O fato de que esteja tão marcadamente exposta a data de morte em várias partes do capítulo 5 de Gênesis, sugere que Moisés ao escrevê-lo, foi especialmente dirigido assim por Deus, para que pudéssemos fazer a diferença entre as duas etapas da história humana na terra. Uma no princípio, com o primeiro plano de Deus, em que o homem viveria por muitos anos, inclusive depois da queda de Adão e Eva em desobediência; e outra, em uma segunda etapa, a que foi produto da enorme multiplicação da maldade humana, onde o Senhor decide diminuir os anos de vida do homem a cerca de 10% da idade considerada originalmente, trocando inclusive seus hábitos alimentares de vegetariano, para incluir na dieta alimento animal (Gên. 9:3).
Este último também trouxe uma série de conseqüências nefastas para a sua saúde, como o aumento de radicais livres daninhos, diminuindo com isto sua vida e conduzindo outras importantes alterações na natureza criada inicialmente perfeita por Deus, mas desvirtuada pelo homem, as quais se expressam claramente na ecologia e zoologia atuais (Bravo 2005).
Idade milenar restaurada
As importantes evidências provenientes da biologia molecular, no sentido de que pode existir uma biologia distinta com respeito ao funcionamento celular e a longevidade humana, apontam para lhe outorgar credibilidade literal às largas idades vividas por pessoas antes do dilúvio, relatadas na Bíblia. Entretanto, tão ou mais importante ainda, é o fato que ao enfatizar-se vez após vez em Gênesis 5 os longos anos de vida do homem no princípio, permite relacionar o propósito inicial do Senhor de viver em harmonia na terra com sua criatura especial por longo tempo, com sua promessa apocalíptica de retomar este propósito originário de reinar com o homem, agora restaurado pelo sacrifício de Cristo, na era milenar descrita em Apocalipse 20. Se recordarmos que Matusalém viveu perto de um milênio, tem muito sentido o paralelo destes parágrafos bíblicos do início e final da Escritura. 


 Fontes:
Bibliografía
Borland, J. 1990, «Did People Live to be Hundreds of Years Old Before the Flood?,». 173-4. ed. Ronald F.
Bravo R. 2005. Ecología y Zoología Post-Adánica. Revista Aguas Vivas Nº 33, mayo-junio 2005.
Chong L, Stensel B van, Broccoli D, Erdjument-Bromage H, Hanish J, Tempst P, et al. 1995. A human telomeric protein. Science. 270:1663-7.
De Lange, T. 1998. Telomeres and Senescence: Ending the Debate. Science. 279:334-335.
Elizabeth P. 2000. And the Gene Number Is…?. Science 288, 1146-47.
Glad J. 2006. Future Human Evolution. Hermitage Publishers. PP. 132.
Godfrey T. 2005. Are Patriarchal ages factual or fictional?. Perspectives on science and Christian faith. Vol. 57, Nª 1, Pp. 71.
Hill C. 2003. Making sense of the numbers of Génesis. Perspectives on science and Christian faith. Vol. 55, Nª 4, Pp. 239-251.
King N., Piatyszeck M., Prowse K., Harley C., West M., Ho P. et al. 1994. Specific association of human telomerase activity with immortal cells and cancer. Science 266:2911-5.
Monaghan P. & Metcalfe N. 2000. Genome size and longevity. Trends Genet. 16: 331–332.
Monaghan P. & Metcalfe N. 2001. Genome size, longevity and development in birds. Trends Genet. 17: 568.
Morand S, Ricklefs R. 2001. Genome size, longevity and development time in birds. Trends Genet.;17 (10): 567-8.
Murphy, W, E. Eizirik, W. Johnson, Y. Zhang, O. Ryder, & S. O’Brien. 2001. Molecular phylogenetics and the origins of placental mammals. Nature 409: 614-618.
Pérez, M. R., Dubner, D. Michelin, et al. 2002. Telómeros y reparación de daño genómico: su implicancia en patología humana. Medicina (B. Aires), nov./dic. Vol.62, no.6, p.593-603. ISSN 0025-7680.
Reina Valera. 1960. Santa Biblia, revisión 1960. Editorial Caribe.
Roberts S. & Rosenberg I. 2006. Nutrition and aging: Changes in the regulation of energy metabolism with aging. Physiol. Rev 86:651-667. doi:10.1152/physrev.00019.2005.
Shay J. 1998. Telomerase in cancer: diagnostic, prognostic, and therapeutic implications. Cancer J Sci. Am. 4 (suppl 1):26-34.
Siculus D. 1985. Diodorus on Egypt, Trans. Edwin Murphy, 32-3. London Mc Failand, in Hill C. 2003. Making sense of the numbers of Génesis. Perspectives on science and Christian faith. Vol. 55, Nª 4, Pp. 239-251.
Sinclair D. & L Guarente. 2006. Unlocking the secrets of longevity genes. Scientific American, INC. March 2006.
Vogel, G. 2000. In contrast do Dolly, Cloning Resets Telomere Clock in Cattle. Science. 288:586-587.
Zakian, V. A. 1995. Telomeres: Beginning to Understand the End. Science. 270:1601-1607.
O’brien S. et al. 2001. Molecular phylogenetics and the origins of placental mammals.

4 comentários:

  1. Toda teoria que tentam explicar para poder entender essas vidas de centenas de anos não cabem na matemática. 

    É o que eu digo, tentar reduzir ao seu nível intelectual algo que não se entende para dar explicações com ideias curtas, é o mesmo que tentar enfiar toda a sabedoria do universo em uma simples biblioteca.

    E eu só lembro da frase "fazer ouvidos para ouvir  e olhos para ver".

    Sobre as causas do envelhecimento a medicina anti-aging já diz hoje "Os hormonios não caem porque nós envelhecemos, nós envelhecemos porque os hormonios caem". Porem ainda não sabem como fazer o organismo continuar a produzir os hormonios naturais.



    Parabens pelo artigo.

    ResponderExcluir
  2. Tenho quase certeza que os anos eram contados de forma diferente, na visão creio que cada ano equivalia uma estação ou seja, Matusalém viveu 900 estações que vale 225 anos.

    ResponderExcluir
  3. Boa noite, matéria interessante: http://veja.abril.com.br/ciencia/estudos-derrubam-teoria-do-dna-lixo-em-nova-organizacao-do-genoma-humano/

    ResponderExcluir
  4. É verdade é totalmente plausível. É a demonstração da perda de informação genética.Significa que Adão era perfeito biologicamente falando. E também é a prova da queda do mesmo

    ResponderExcluir