sábado, 24 de setembro de 2011

Amizade com o Mundo, Inimizade com Deus




Tiago 4.1-6


Pr. Davi Merkh
(revisão por Felipe Hirata)



1 ¶ De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? 2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; 3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. 4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. 5 Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós? 6 Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.

Infelizmente, algumas pessoas são infiéis a Deus quando flertam com o mundo, quando paqueram valores terrenos, quando dão a mão para a ambição, quando abraçam a cobiça. Mas nosso Deus não aceita concorrentes. Sua aliança com Seu povo exige EXCLUSIVIDADE!


Versículo 4 começa chamando os leitores de “infiéis”. A palavra é “adúlteros”, uma palavra estranha mas que tem raízes fortes no Velho Testamento. O povo de Israel foi acusado de adultério espiritual pelo fato de ter abandonado o Deus da sua aliança. É um pecado contra si mesmo, que leva a conflito de valores, instabilidade, dúvida, incerteza, inconstância. É uma esposa que divide atenção entre dois amores.


Deus não aceita uma esposa de tempo parcial. Seu senhorio é total. Deus não quer um pedaço, mas tudo. O amigo do mundo não pode ser amigo de Deus. Se existe uma característica que define a raça humana desde o Jardim do Éden, é a palavra “CONFLITO”. Desde o momento da primeira briga conjugal, quando Adão gritou “Foi a mulher que Tu me deste”; desde a rivalidade entre irmãos, Caim e Abel, levando à primeira morte; incluindo guerras praticamente ininterruptas durante milhares de anos. São conflitos causados pela natureza humana. Essa natureza faria qualquer coisa para conseguir o que quer, inclusive eliminar qualquer um que bloqueie seus sonhos e ideais.


Estamos ocupando território hostil e inimigo. Somos peregrinos e estrangeiros, em campo de batalha em que o inimigo está tentando se infiltrar em nosso meio a fim de nos atrair para o lado dele. As pessoas enganadas por ele para cultivarem seu amor pelo mundo, não são mais úteis no serviço do Rei. No parágrafo que começa no v. 1, Tiago continua essa linha de pensamento. Traça para nós o fruto ruim de guerras, brigas, conflitos, até a raiz podre de egoísmo desenfreado, cobiça, inveja, mundanismo. Ele nos mostra que nossa atitude para com o mundo revela nosso coração.


A fé verdadeira manifesta-se numa vida transformada, de forma presente e ativa. Esse texto nos desafia a rejeitar a cultura desse mundo e abraçar os valores de Deus. Vamos traçar a patologia de conflitos entre nós: A causa, as conseqüências, e a cura para conflitos humanos . . .


I. A Causa de Conflito Humano: Cobiça (1-2)


O texto começa com uma pergunta retórica que expõe nosso coração, e nos provoca uma reflexão mais filosófica. De onde vem as guerras, os conflitos, as conflagrações entre homens?
Seja uma briga de duas crianças pelo desejo do mesmo brinquedo, seja no recreio da escola, no serviço, com colega ou patrão, e os motoristas no meio do trânsito, as verdadeiras batalhas travadas entre pais e filhos, marido e esposa, ou as guerras e invasões?


O mundo oferece muitas respostas. Alguns diriam que o problema está no ambiente. Que temos que modificar o comportamento do ser humano proporcionando-lhe um ambiente mais ameno.
Outros como Marx diriam que todos os conflitos vêm por causa de opressão econômica. Talvez Freud diria que conflito é o resultado de inibições sexuais e repressão religiosa. Mas Deus deixa muito claro que o problema vem de outra fonte. Vem do coração humano.


Cobiça. Vss 1 e 2 dizem que o conflito humano vem dos prazeres carnais dentro de nós (1), da inveja que temos. Há três termos nesses versículos que descrevem essa idéia de cobiça:


1. A palavra “prazeres” é a mesma que nos deu palavras como “hedonismo” ou “hedonista”. Representam pessoas que vivem pelo prazer. Os prazeres em nossos corações tornam-se ídolos que dominam nosso pensamento, nossos sonhos. Conflitos surgem quando um interfere com o belo prazer do outro.


2. A palavra “cobiça” representa desejo forte. Normalmente tem uma conotação negativa, um desejo tão forte que domina toda nossa vida, todo nosso pensamento. Ficamos com uma obsessão ou fixação por aquilo que desejamos.É um pecado tão velho quanto o diabo, cuja cobiça custou-lhe o céu. Esse é um pecado tão velho quanto a raça humana, pois foi no Jardim do Éden que o primeiro casal, num ambiente perfeito, com tudo que precisavam, em perfeita comunhão com Deus, sem inflação, sem poluição, sem impostos, sem pedágios, sem IPTU, mesmo assim queriam mais.


“Quanto você precisa para realmente ficar contente?” alguém perguntou certa vez para o homem mais rico no mundo. “Somente mais um dólar” foi sua resposta.
Uma interpretação meramente superficial seria até capaz de cumprir todos os outros 9 mandamentos: Não furtarás, não mentirás, não matarás . . . Mas Deus deixou claro que Sua intenção foi muito além do superficial. Deus quer ganhar nosso coração. Mas primeiro, Ele precisa expor nosso coração como realmente é: sujo, enganoso, cobiçoso, invejoso. Essa é a função da Lei. A Lei mostra minha incapacidade de obedecer a Deus. Expõe a natureza humana, e nos impulsiona até a Cruz.


Preciso arrancar meu coração, pois é ele que me faz pecar. O problema sou eu!



3. A palavra “invejais” é a mesma usada em 3:14 (inveja amargurada), de onde vem nossa palavra “zelo” e a idéia é que temos esse zelo, essa, ambição, por nós mesmos, e faremos o que for necessário para conseguir o que, quando, e como queremos.
Cobiça e inveja sempre são pecados cometidos de baixo para cima. São pecados de comparação em que olhamos sempre para o que os outros têm, e nós, não. Nunca o inverso. Por isso precisamos sondar e guardar nosso coração, que é altamente enganoso. Precisamos descobrir se porventura estamos sendo seduzidos pelas cobiças, pelos desejos, e se com isso valores bíblicos talvez estejam sendo comprometidos.

II. As Conseqüências do Conflito Humano (2-3)


1. Mãos vazias (2,3)


Cobiça nunca é o caminho correto para nossos desejos. Poderíamos dizer o contrário. O caminho mais certo de NÃO receber seus desejos é o caminho de egoísmo, briga, contenda, conflito, cobiça, inveja. Quando crianças brigam sobre um brinquedo, ambos acabam perdendo o direito de usá-lo. Quando adultos processam um ao outro, o advogado fica com tudo! Quando nações se dividem em guerra civil, todos perdem. Pessoas cobiçosas muitas vezes acabam com as mãos vazias!


Depois das nossas brigas, mesmo quando saímos vitoriosos, o que ganhamos? Valeu a pena mesmo? Será que valeu os relacionamento quebrados, a úlcera criada, as noites sem sono, as formulações de argumentos e contra-argumentos? Será que o caminho de contendas e cobiça, características da cultura do inferno, trazem algum fruto bom? Ganhamos a batalha mas perdemos a guerra!


Conflito humano também é caracterizado pela independência de Deus. A pessoa quer conseguir o que quer do SEU jeito. Manipula, prepara o esquema, orquestra todos os detalhes. Mas a pessoa não pede. Não pede a Deus” (1:5), que dá todo bom e perfeito dom.
E quando pede, é de forma egoísta. Nenhuma oração egoísta pode ser feita “em nome de Jesus”. Oração “em nome de Jesus” é oração feita conforme Jesus faria. E Jesus vivia sua vida para servir aos outros, e não a seus próprios desejos! Então, as pessoas pediam, mas não recebiam, pois não pediam conforme a vontade de Jesus!


Na igreja, talvez ganhemos uma discussão, uma posição, uma opinião, mas perdemos nosso irmão.
No mundo, um país ganha um pouco mais de território, um pouco mais de dinheiro, mas a que custo? Quantas pessoas nunca viverão para ver esses benefícios? Quantas mães perderão seus filhos? Quantas mulheres ficarão viúvas? Quantas crianças órfãs?


Isso nos leva para a segunda conseqüência de conflito humano:


2. Morte Quando a cobiça individual junta-se a outros pecadores, o resultado é guerra. Guerra leva para morte. Morte enche o inferno. E o inimigo fica contente. Sua rebelião, sua causa, avança.


A guerra mais sangrenta, na história, foi a II Guerra Mundial: 56,4 milhões de pessoas morreram para satisfazer a cobiça de um grupo de homens que queriam controlar o mundo Para que?


Mas uma guerra civil é pior. A Rebelião de Taiping na China, matou 20 milhões de compatriotas!


O DIABO ESTÁ ENCHENDO O INFERNO COM AS ALMAS DE PESSOAS VÍTIMAS DE SUAS PRÓPRIAS COBIÇAS.


Talvez você pense que nunca matou ninguém.Mas Jesus disse que cada um que se irar contra seu irmão, matou-o em seu coração (Mt 5:21,22). A diferença entre Guerra Mundial e meus conflitos é que eu tenho uma língua e não uma bomba nuclear como arma principal.


Matamos o caráter de outras pessoas. Matamos sua reputação. Por que? Porque queremos o que elas tem. Ou porque bloquearam meus sonhos para meu futuro.


Isso não quer dizer que não existem ocasiões em que uma guerra se torna necessária. Deus ordenou guerra santa muitas vezes nas Escrituras. Assim, é possível que haja conflito humano que não seja por motivos egoístas. Mas temos que avaliar muito bem motivos, intenções, razões pela nossa ira.


III. A Cura para Conflito Humano (4-6)


Um espírito fiel, dependente e humilde, que busca em Deus tudo que precisa para vida.


1. Fidelidade (contra Adultério Espiritual) (4,5)


Conflitos naturalmente se levantam quando a nossa lealdade fica dividida. A pior praga que uma nação pode experimentar é guerra civil. É como um corpo cujo sistema imunológico começa a atacar seus próprios órgãos até matar o corpo.O V. 5 mostra que à luz do contexto imediato, que fala de adultério espiritual, parece que a idéia é mais ou menos assim: Que Deus colocou em nós o Espírito Santo, pelo qual temos a adoção como filhos de Deus, é um espírito filial, que clama “Abba, Pai”. É um Espírito de relacionamento, que se entristece quando nós nos distanciamos de Deus e quando nós nos distanciamos dos irmãos. É um Espírito que provoca em nós uma inquietação quando deixamos nosso primeiro amor, e seguimos a outras paixões que não sejam Deus.


Onde está a minha lealdade? Como posso dividir . . .


2. Humildade/Graça Finalmente, o parágrafo termina destacando o dom gratuito de Deus para com aqueles que buscam nEle o que precisam. Não precisamos lutar. Não precisamos manipular. Não precisamos nos matar. Não precisamos assassinar o caráter daqueles ao nosso redor. Não precisamos fazer um show. Não precisamos usar máscara.... Precisamos ser humildes. Dependentes. Precisamos clamar ao Senhor com nossas necessidades. Precisamos pedir “em nome de Jesus”—conforme Seu desejo, sempre dentro da ética bíblica que exalta a necessidade do outro. Precisamos clamar pela graça dEle, seu amor não merecido.


O filósofo Epicuro disse, “Para fazer um homem alegre, não aumente suas posses, mas limite seus desejos. A cura para conflito humano está aqui, em humildade e dependência do Senhor.“Os humildes recebem o que os arrogantes cobiçam.”


A cura para cobiça e conflitos humanos não é conseguir mais, é desejar menos; não é achar sua satisfação em coisas, mas no Criador. Não é lutar para vencer pelo esforço, mas depender para vencer pela graça.


Amizade com o mundo é inimizade com Deus!


por palavraefamilia,org

Nenhum comentário:

Postar um comentário